A experiência nos mostra que os surtos de saúde pública têm diferentes impactos por gênero, bem como que os esforços de prontidão e resposta devem entender tais dimensões dessas crises, a fim de evitar desigualdades crescentes e aproveitar oportunidades para promover a igualdade de gênero. A pandemia da COVID-19 não é diferente nesse sentido. A maioria dos governos em todo o mundo fechou temporariamente as instituições de ensino nos últimos meses, na tentativa de conter a propagação da COVID-19. Em abril de 2020, a educação foi interrompida para 1,3 bilhão de estudantes da educação pré-primária à secundária em mais de 190 países. Agora, em 46 países, 735 milhões de estudantes, dos quais 356 milhões são meninas, não têm certeza de quando se sentarão novamente em um banco de uma sala de aula. Isso inclui os estudantes que receberam ensino a distância nos últimos seis a nove meses durante a pandemia da COVID-19, bem como os recém-matriculados. Cerca de 23,8 milhões de crianças e jovens (do nível pré-primário ao terciário), incluindo mais de 11 milhões de meninas, podem desistir dos estudos devido ao impacto econômico da pandemia. Da mesma forma que os governos consideram se devem continuar com o ensino a distância ou reabrir as escolas, eles devem considerar os riscos de exacerbar as disparidades e a forma de lidar com o potencial de desistência e abandono entre meninos e meninas quando as escolas reabrirem. Embora esta seja uma situação de crise, ela também pode ser vista como uma janela de oportunidade para “reconstruir com igualdade”, por meio de medidas sensíveis ao gênero que transformam os sistemas educacionais, priorizam a resiliência e abordam os principais gargalos e barreiras à educação das meninas.